terça-feira, 16 de outubro de 2012

Lé com lé, cré com cré


     A lição é velha como andar para frente ou dormir de touca. A gente começa a estudá-la na terceira série do fundamental. E repete-a vida a fora. No ensino médio, na universidade, na pós-graduação, lá está ela. Trata-se das conjunções alternativas.  O nome as denuncia. As danadinhas vêm em dupla. E dão um recado claro. Apresentados dois fatos, só um se cumpre. O outro chupa o dedo. Lembra-se delas?  

ou...ou: Ou sai, ou fica . Ou estuda , ou trabalha .


ora...ora: Ora estuda , ora trabalha . Ora chora , ora ri .


seja...seja: Seja aplicada, seja relapsa, terá de fazer a prova . Seja inverno, seja verão , Paulo precisa usar agasalho.


quer...quer: Quer chova, quer faça sol, eles vão ao clube 365 dias por ano. Quer queira, quer não, terá de tomar vacina.   

     Reparou? As conjunções alternativas formam casaizinhos. Os pares são idênticos. E para lá de fiéis. É proibido mesclá-los. Eles seguem a velha regra popular – lé com lé, cré com cré. Cada sapato no seu pé.  

     Mas, na língua como na vida, existem os pecadores. São as pessoas que desobedecem às leis de Deus e às leis da gramática. Elas não estão nem aí. Misturam os parezinhos. Em outras palavras: obrigam os pobres casais a cometer adultério.  Os atrevidos fazem construções assim: Seja na escola ou em casa , Paulo não para de perturbar as pessoas . Quer chova ou faça soleles vão correr no parque  

    Reparou? O resultado é o cruzamento – filhote de elefante com zebra. Cruz-credo! Com o desrespeito à fidelidade conjugal, a harmonia se vai. Os termos brigam. E nós pagamos o pato. Perdemos pontos na prova e adiamos a promoção. Melhor fazer a correção: Seja na escola , seja em casa, Paulo não pára de perturbar as pessoas . Quer chova, quer faça sol, eles vão correr no parque.   

Atenção, precipitados. Às vezes, o ou vem oculto. Mas conta como se estivesse expresso: (Ou) Estuda, ou trabalha. (Ou) Sai, ou fica. (Ou) Chove, ou faz sol.   

Abraços a todos. 
Geneide Ferreira.

Um comentário: